A utilização das cores no cinema

Uso de cores no cinema

Cor, emoção e representação: um fator primordial na arte de fazer cinema.

A implementação das cores no cinema data o ano de 1902, na Inglaterra, onde o fotógrafo Edward Raymond Turner produziu um filme com três crianças brincando com girassóis, soldados marchando ao lado e aves de estimação. A tomada das cores pelo cinema se deu de forma lenta, principalmente no Brasil, sendo que na terceira década do século XX o rádio era a nova sensação tecnológica, utilizada apenas pela elite econômica e política do país, mas que logo foi sendo popularizado. O cinema, portanto, começou a tomar espaço no final de 1949, momento em que estúdios e diretores brasileiros copiavam técnicas cinematográficas estadunidenses e a estética hollywoodiana.

O uso das cores no cinema nacional foi somente concretizado com o longa-metragem “Macunaíma”, de 1969, se comparado com outros países ao redor do mundo. Contudo, a televisão foi um aliado com a transmissão de programas e telenovelas, fincando o cinema e a transmissão televisiva como meios de comunicação de massa.

Entendendo as cores

As cores em sua pura realidade não existem, são apenas percepções de nossa retina por meio de diferentes comprimentos de ondas luminosas. O discernimento da cor também é mutável se considerarmos a entrada de luz e as diferentes perspectivas do indivíduo, sendo assim, as cores apresentam um caráter físico e subjetivo. Pensando nisso, as cores são divididas em primárias, secundárias e terciárias, sendo a primeira encontrada de forma pura sem a mistura de nenhuma outra cor, a segunda obtida pela mistura de duas cores primárias e a terceira é concebida pela junção de uma cor primária com outra secundária.

Além disso, podemos classificar as cores como quentes e frias, sendo a primeira que vai do amarelo ao rosa, e a segunda do verde ao roxo. A escolha das cores em uma cena cinematográfica deve ser bem pensada, pois através delas conseguimos despertar sensações e significados diferentes em cada pessoa que assiste ao filme. A cor é o principal fator de demonstração de temperatura e clímax no cinema, mas que dependem de um contexto e de uma união com outras cores que complementam a ambientação do cenário.

Circulo cromático

De cor a cor nas telas de cinema

Podemos começar ilustrando o aspecto sentimental das cores no cinema por meio de vários filmes, como por exemplo, o longa-metragem “Tudo Sobre Minha Mãe” (1999), do diretor Pedro Almodóvar e produzido pela El Deseo. As cores quentes usadas pelo diretor remetem ao período de redemocratização e os direitos humanos na Espanha, apresentando temas como prostituição, Aids e doação de órgãos. O complexo de criatividade é focado no universo feminino e o desejo que envolve esse mundo. A protagonista do filme, Manuela, interpretada pela atriz Cecilia Roth (65), aparece em várias cenas com roupas vermelhas, cabelos loiros soltos, guarda-chuva colorido, contrastando com as cores frias da cidade durante a noite, transparecendo sentimentos e emoções fortes e conduzindo o espectador a diferentes reações.

Tudo Sobre Minha Mãe, 1999
(Tudo Sobre Minha Mãe, 1999)

Existem diretores de cinema que além de moldarem a utilização das cores no remetimento de emoções, conseguem caracterizar seus personagens através das cores e maquiagens usadas pelos atores. Reconhecido pelo uso de cores pasteis na ambientação de algo “antigo”, o diretor Wes Anderson ao pensar na fotografia de seus filmes leva o espectador a identificar facilmente o estilo do diretor, com paleta de cores bem definida e característica, itens fundamentais na narrativa cinematográfica, que é comunicar por meio das cores.

A direção de fotografia de Wes Anderson já fala por si só com seus aspectos que nos levam aos anos 60 de uma cidade do interior da Itália, misturando aspectos vintange, fantasia e angústia em suas produções, como no filme “O Grande Hotel Budapeste” (2014).

O Grande Hotel Budapeste, 2014
(O Grande Hotel Budapeste, 2014)

Por último, podemos analisar a utilização da cor em “El Ángel” (2018), filme do diretor argentino, Luís Ortega. O longa-metragem relata a história de Carlos, um serial killer que aterrorizou o país na década de 1970. Vê-se a transição do personagem que começa roubando e ao final vai para a cadeia, sendo representado com roupas vermelhas, olhares penetrantes e, por fazer a junção de cenas sensuais do ator misturadas com aspectos de crime e armas, se percebe uma linha tênue entre o vermelho quente e o azul frio, despertando diferentes sentimentos sobre o protagonista ao longo do enredo, como ódio e paixão.

El Ángel, 2018
(El Ángel, 2018)
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