A construção das narrativas do jornalismo e do audiovisual são semelhantes e, muitas vezes, complementares. Para podermos entender melhor esse processo que, mistura a linguagem jornalística com imagem, som e movimento, temos que recordar das condições do processo social dos profissionais da área da comunicação, do contexto tecnológico que fora se desenvolvendo com o tempo e do conjunto de dispositivos de uma produção audiovisual.
Esse processo da história do jornalismo e do audiovisual perpassa por evoluções societárias e tecnológicas. Em um primeiro momento tínhamos o rádio, posteriormente a TV, e no Brasil, a primeira difusora televisiva na década de 1950. O som como recurso do jornalismo veio em 1930; a câmera utilizada com audiovisual e narrativa, em 1950; o conhecido VT de jornais apenas em 1970; e, por último, resumidamente, a introdução da tecnologia digital a partir de 1990.
O cenário de junção dessas duas áreas que caminham juntas desde muito tempo só aparentam nitidez atualmente, com a tecnologia digital. E é isso que vamos explorar agora.
Jornalismo e as narrativas da imagem
Com o advento das tecnologias digitais no jornalismo o cenário mudou vertiginosamente. O momento da passagem do impresso para o digital, gerou impactos tanto no ambiente de trabalho dos profissionais, quanto nos novos empreendimentos e criações.
O fenômeno conhecido como extensive audio-visual, conceito extraído da web arte, para pensar o jornalismo online como um evento audiovisual, por conta da sua estrutura hipertextual e hipersensorial, de sensibilidades visuais e sonoras.
O audiovisual, então, tornou-se um amigo íntimo do jornalismo já que, com a introdução do digital, as narrativas passaram a não só serem escritas, mas também vistas e ouvidas. Esse ponto interessante abre um debate sobre: O que é jornalismo atualmente? Se pensarmos nas diversas perspectivas e possibilidades, a web, o documentário, as narrativas e histórias que misturam elementos diferentes da comunicação são, portanto, uma nova forma de se fazer jornalismo.
Projeto “Anatomia do Filme” e o poder da narrativa
A narrativa do filme “Fortaleza Hotel”, traz mulheres protagonistas de uma história que se assemelha com questões vividas pela mulher no dia a dia; problemas machistas e sexistas. Essas mesmas questões são trabalhadas e noticiadas em jornais impressos e web, mas, neste caso, de maneira intimista, a narrativa acontece pelo fio da imagem e do som.
De acordo com o Portal Esquina da Cultura: “Fortaleza Hotel lida com duas forças em rota de colisão. De um lado, essa mulher cearense que quer deixar tudo que viveu para trás e, enfim, tentar uma nova vida em terras estrangeiras. Do outro, essa mulher que precisa lidar com uma perda, entender a cultura do País e, acima de tudo, se compreender como pessoa nesse processo que apenas impessoaliza.”
Nesse sentido, o jornalismo perpassa pelo vasto campo das histórias e criações de seus autores. Além do mais, é interessante perceber que, as pessoas que escrevem sobre documentários, video-cartas e outras formas de narrativa, muitas vezes são jornalistas, ou seja, a profissão atualmente, é interligada com o audiovisual e ambas, caminham juntas.
Enfim, conseguiram entender um pouco mais sobre a história do desenvolvimento profissional no audiovisual e no jornalismo? É importante notar, também, que são processos de desenvolvimento tecnológico e social, já que, com o digital, a maneira no qual consumimos e produzimos informação mudou e, hoje em dia, não é possível desatrelar por completo essas duas áreas da comunicação.