Em algum momento do seu dia você já começou a escutar uma história em podcast e continuou em um vídeo ou filme? Se sim, você acabou de ter uma experiência transmídia. Pois bem, essa maneira de contar histórias começou há alguns anos, já no final da década de 1990, com a estreia do filme Matrix, longa-metragem da produtora Village Roadshow Pictures. Com a chegada dos anos 2000, o ciberespaço ganhou cada vez mais palanque para as decisões e influências de corporações, produtoras e para novas explorações na esfera publicitária. Essa técnica de comunicação é uma tendência em que uma história se desdobra em múltiplas plataformas e em que várias mídias convergem e se entrelaçam, condição que é chamada de transmídia.
Com a entrada da tecnologia e o surgimento da cibercultura, as mídias digitais e interativas atingem um novo espaço, em que os espectadores, ou os fãs de determinado conteúdo, passam a desempenhar um papel importante nas narrativas das histórias. Esta comunidade de fãs, assim podendo dizer, adquiriu o poder de adaptar, criticar e até modificar os conteúdos veiculados. O pesquisador norte-americano Henry Jenkins, autor da obra Cultura da Convergência, nos traz a ideia de uma nova rede de entretenimento tão ampla que, uma mídia apenas não consegue acoplar todas suas informações e características. Como exemplo disso, uma empresa que se propõe a lançar um filme ou um produto, no intuito de gerar estímulo e curiosidade do público e, posteriormente, impulsionar incessantemente jogos, plataformas web, fóruns etc. Esse ritmo é puramente mercadológico e publicitário, gera ações e lucro para as empresas.
As empresas devem buscar compreender essas novas formas de interação para atrair usuários e contar suas histórias de maneira original. Na construção da narrativa é importante incentivar o público a participar da criação da empresa, fator fundamental para a história, e por isso, vamos lhe explicar direitinho como você pode aplicar essa técnica de maneira efetiva.
Como a narrativa transmídia funciona?
A narrativa funciona como uma estratégia que consiste em criar histórias que cativem o público, coletem informações e opiniões. Essa criação não pode ser confundida com o ato de falar o que faz a empresa ou marca. O foco é criar emoções afetivas afim de conectar a empresa e o usuário por meio de uma narrativa que permanecerá em sua memória.
O primeiro passo é verificar a presença da empresa em vários canais de comunicação, seguindo os termos e estratégias pautadas pela necessidade de sua buyer persona. A partir disso, precisamos colocar em pauta algumas perguntas, como: “Estamos lançando um novo produto ou serviço? Precisamos comunicar uma nova sede? O momento é de reforçar a imagem da marca?” Esse emaranhado de questionamentos resume seus objetivos em criar uma narrativa transmídia.
Atuação de cada canal de comunicação
Nessa fase é fundamental você entender os canais de comunicação como elos complementares que prezam pela mesma finalidade. A curiosidade e o estigma da descoberta da história é o que gera vontade do usuário de continuar consumindo o seu conteúdo.
A mensagem que cada canal vai transmitir precisa ser clara e plena por si só, e a equipe do projeto deve pensar em uma transmidialidade desde o começo. Embora existam diversos casos de sucesso de um determinado produto por uma mídia, ou pelo feedback do usuário, mas mesmo assim, temos que predefinir os seguintes passos possíveis para criar uma experiência transmídia com narrativa bem sucedida.
Evite inconsistências na narrativa
É importante centralizar diferentes percepções em uma única visão. Nesse aspecto, dissemos anteriormente que os fãs são parte importante do sucesso e disseminação do produto, contudo, não deixe que a sua narrativa tenha erros estruturais de elaboração, pois as comunidades externas podem encontrar contradições ou erros na esfera narrativa, e nesse caso, é preciso ter cuidado para não acabar desviando a linha de argumentação criada pela transmídia.
Existem casos de sucesso?
Existem diversos exemplos de sucesso com a utilização da narrativa transmídia como citamos anteriormente no caso de Matrix. Mas sem dúvida, um dos maiores sucessos foi a saga Harry Potter. No final da década de 1990 a escritora JK Rowling lançou uma série de livros infanto-juvenis que revolucionariam o mundo dos livros. A estratégia da escritora muito bem pensada, foi continuar contando as histórias de seus livros através de outras mídias. Em 2001, Harry Potter é adaptado para o cinema, com o lançamento do primeiro filme, Harry Potter e a Pedra Filosofal, produzido pela Warner Bros Pictures e alavancando o sucesso da série de filmes. Harry Potter transformou-se em jogos online, sites, podcasts, fanfics, parques temáticos, lojas, cafeterias e muito mais, tudo isso espalhado pelo mundo.
Dessa forma é possível observar o potencial transmidiático que a série apresenta. Foram criados sites por meio de fãs e patrocinadores como o Wizarding World e o Pottermore, que mesmo após a estreia do último filme da saga em 2011, houve crescimento no tráfego e adesão de usuários aos sites, aumento de procura por jogos online, em formato PlayStation, Xbox etc. Em cada um desses canais, uma ramificação do universo bruxo criado, vai sendo revelada para os fãs, que nunca se cansam de absorver mais informações sobre seus personagens.