Os “ad breaks”, ou melhor, anúncios “não puláveis”, são a próxima revolução publicitária proposta pelo Instagram. Essa inovação, que lembra os anúncios não puláveis do YouTube, tem o potencial de impactar tanto usuários quanto anunciantes de maneiras significativas.
Nos últimos anos, a presença de anúncios nas redes sociais tornou-se cada vez mais predominante. Plataformas como o Instagram buscam formas de otimizar a entrega de publicidade, assegurando o máximo retorno sobre o investimento (ROI) para os anunciantes. Ao mesmo tempo, um dos principais indicadores de sucesso para essas plataformas é o tempo de uso por usuário, uma métrica crucial diretamente ligada à experiência do usuário e à visualização de anúncios.
Os chamados “ad breaks”, serão intervalos obrigatórios durante a navegação no feed do Instagram, nos quais os usuários são obrigados a assistir a um anúncio de 3 a 10 segundos antes de continuar rolando. Este formato garante que os anúncios sejam vistos integralmente, proporcionando uma vantagem significativa para os anunciantes que desejam garantir a visualização completa de suas mensagens. Veja um exemplo compartilhado por um usuário dos Estados Unidos. Dan Levy comentou sobre sua experiência: “Aparentemente, o Meta agora está nos forçando a assistir anúncios em nossos feeds do Instagram! O aplicativo legítimo me impediu de passar por este anúncio”.
Holy moly! Meta seemingly is now forcing us to watch ads in our feeds on Instagram!
— Dan Levy ✡ דניאל לוי (@TheDanLevy) June 1, 2024
The app legit stopped me from scrolling past this ad which is just a bonkers move to me. pic.twitter.com/740EXjGyl2
Pontos negativos e positivos sobre os Ad Breaks
A introdução dos “ad breaks” visa resolver um dos maiores desafios enfrentados pelos anunciantes: garantir que seus anúncios sejam realmente vistos. Atualmente, mesmo com a ampla entrega de anúncios, não há garantia de que os usuários estejam prestando atenção a eles, já que muitos podem ser facilmente ignorados, pulados ou fechados. Os “ad breaks” então oferecem uma solução aumentando a probabilidade de engajamento e garantindo que os anunciantes obtenham o máximo valor por seus investimentos.
O engajamento é uma métrica crucial para qualquer plataforma de mídia social e deve ser impactada diretamente com a introdução dos “ad breaks”. Muitos especialistas indicam que a possibilidade de ignorar anúncios é o que aumenta o engajamento dos usuários. Assim, forçar a visualização de anúncios pode levar ao caminho contrário e diminuir o engajamento e a satisfação do usuário com a plataforma. Os usuários podem se sentir frustrados por serem forçados a assistir a anúncios, o que pode levar a uma percepção negativa.
Por outro lado, como comentamos, os anúncios não puláveis aumentam a visibilidade e o impacto das campanhas publicitária. Assim, levando a um maior reconhecimento de marca e, potencialmente, a mais conversões. A chave será encontrar um equilíbrio entre manter os usuários engajados e maximizar o retorno para os anunciantes.
Importante pontuar que, além de potencializar o valor percebido pelos anunciantes, essa nova funcionalidade pode resultar em um aumento significativo na receita publicitária do Instagram. Desde 2021, a plataforma conseguiu superar o faturamento do YouTube, destacando-se como um dos principais motores de receita no ecossistema da Meta.
Comparação com o YouTube
A comparação dos “ad breaks” com o YouTube será inevitável. No YouTube, os anúncios não puláveis são uma realidade bem estabelecida, aparecendo antes e durante os vídeos. Recentemente, a plataforma expandiu esses anúncios de 30 segundos para sua aplicação na TV, visando capturar a atenção dos espectadores por um curto período e aumentar o sucesso das campanhas.
Tradicionalmente, até agora o Instagram adotou uma abordagem mais integrada e menos intrusiva com seus anúncios, preferindo aumentar o espaço disponível para publicidade ao invés de forçar a visualização. A introdução desse novo modelo pode ser vista como uma tentativa do Instagram de competir diretamente com o YouTube em termos de eficácia publicitária.
Podemos concluir então que esse modelo de anúncios é uma faca de dois gumes. Por um lado, eles oferecem uma maneira eficaz de garantir que os anúncios sejam vistos, o que é extremamente valioso para os anunciantes. Por outro lado, forçar os usuários a assistir a anúncios pode levar a uma experiência de usuário negativa, o que pode ser prejudicial a longo prazo.
O sucesso dessa nova estratégia estará muito ligado à forma como o Instagram equilibrará essas duas necessidades conflitantes. Se a plataforma conseguir implementar os “ad breaks” de uma maneira que não aliena os usuários, ela poderá não apenas manter, mas aumentar seu engajamento e receita publicitária. Do contrário, a reação negativa dos usuários poderá superar os benefícios potenciais dessa nova funcionalidade.
A resposta a essa nova abordagem publicitária só será conhecida com o tempo e com as reações tanto dos usuários quanto dos anunciantes. Até lá, a introdução dos “ad breaks” no Instagram será um tema de grande interesse e debate na comunidade de marketing digital.